Eu quero, eu quero, eu quero!
Crises de birra são comuns entre os pequenos. Como elas podem acontecer na escola também, esteja preparada para lidar com a situação
Objetivos:
★ Saber lidar com a birra das crianças
★ Identificar as possíveis causas da birra
A criança faz birra quando...
★ ouve NÃO (não pode fazer, não pode ir, não pode comprar etc.)
★ vai pela primeira vez à escola e tem que se separar da mãe
★ precisa dividir o brinquedo com os colegas
★ está com sono ou cansada
★ está indisposta
★ está com fome
O que fazer
Segundo a psicopedagoga Carmen Silvia, a birra existe porque há plateia. "A criança percebe que fazendo birra na frente das pessoas ela chama a atenção", diz. O papel do adulto é o de não reforçar esse comportamento, deixando claro para a criança que ela não conseguirá o que quer por meio da birra. A pediatra Ana Maria Escobar recomenda a "desprezoterapia", ou seja, ignorar a criança e deixá-la chorar. Claro, ficando atento para não deixá-la se machucar, porque segundo a médica algumas crianças costumam se debater e bater a cabeça na parede durante as crises. "É impossível conversar com a criança durante a crise, porque ela 'perde os sentidos'. Se você não acudi-la, depois de duas ou três vezes que for ignorada, ela irá parar de fazer, porque verá que aquela estratégia não funciona", explica. Carmen Silvia concorda: "Ao não ceder à manha você enfraquece esse comportamento".
Mas a psicóloga e pedagoga Maria Dolores acredita que na escola é complicado aplicar essa técnica, porque a criança ficará exposta aos olhares dos colegas e à interferência de outros professores e profissionais. Por isso, ela é a favor de retirar a criança da situação (pode ser pegando-a no colo) para tentar acalmá-la e aproveitar para lembrá-la dos combinados da sala. No Centro Objetivo o professor mostra, no início do ano, diversas figuras à turma (entre elas criança chorando, criança se jogando no chão, criança gritando) e explica o que pode e o que não pode. Quando a criança faz birra, o professor mostra o cartaz e diz "a gente já conversou sobre isso, o que a gente combinou? Isso não pode". Para Carmen Silvia vale lembrar à criança que ela sabe falar, portanto não deve fazer birra. "O adulto pode dizer à criança: 'Enquanto você estiver chorando eu não converso com você'", sugere. "Na escola o ideal é dar uma volta com a criança, pois na frente dos outros ela sempre vencerá, já que seu poder de convencimento e persistência é maior. Além do fato de que outros profissionais da escola podem interferir ficando do lado da criança", sugere Maria Dolores, que lembra ainda que o professor (e também os pais) não pode entrar em "jogo de sentimento", ou seja, é preciso deixar claro para a criança que você a ama, mas que não gostou de determinado comportamento dela.
Quando buscar ajuda
Ao perceber que determinado aluno se descontrola e faz birra frequentemente e que não consegue lidar com a situação nem conversando nem usando os combinados, o professor deve chamar os pais para uma conversa. "É preciso perguntar se a criança tem o mesmo comportamento em casa e se há algum fato que esteja provocando as crises, por exemplo, separação dos pais, nascimento de um irmão etc.", orienta Maria Dolores. Após essa conversa é possível saber se a criança precisará da ajuda de um psicólogo. É esse profissional que pode fazer um diagnóstico para saber se será necessário acompanhamento de outros profissionais, como fonoaudiólogo e neurologista, por exemplo.
Quando é normal?
De acordo com a pediatra Ana Maria Escobar, a birra é normal entre 1 e 2 anos de idade, quando a criança ainda não sabe falar e se expressar, embora já entenda o sim e o não, o pode e o não pode. "A partir dos 3 anos não é mais normal, porque ela já pode usar a fala para contra-argumentar", diz. Mas Maria Dolores conta que já deparou com crianças birrentas de até 7 anos. "Isso acontece quando a criança não aprendeu que a birra não funciona, não aprendeu a lidar com a frustração, ou seja, de certa forma foi estimulada a conseguir as coisas na base do berro", afirma. "Quando a criança já sabe falar, a birra passa a ter características de malcriação, pois ela briga de 'igual para igual' com adultos, falando coisas como 'eu mando', 'eu quero', 'é meu', 'eu te odeio' etc.", completa. Para Carmen Silvia o ambiente escolar enfraquece a birra. "Crianças que vão à escola desde pequenas tendem a ser menos birrentas, pois se tornam mais sociáveis e aprendem que precisam seguir regras".
| Dica esperta!
Na hora de falar "não" para a criança o adulto deve ser seguro e olhar nos olhos dela sem desviar o olhar. "Os pais conseguem fazer isso melhor que as mães, que têm o coração mais mole e ficam com dó ao presenciar o choro sentido", afirma Maria Dolores. |
★ Dani Furacão Daniela, a Dani Furacão, relata diferentes situações em que explode de raiva. Quando é contrariada, suas explosões geram problemas de relacionamento com amigos e familiares. Até que, com a ajuda dos pais, ela percebe que bater ou gritar não soluciona os problemas. Pelo contrário, cria outros. Ela aprender que o diálogo e o respeito trazem muito mais alegria e harmonia para a vida. Autora: Carmen Lucia Campos Ilustrações: Cecília Esteves Editora: Escala Educacional Preço: R$ 19,90 Onde encontrar: www.escalaeducacional.com.br |
Parceria com os pais
A coordenação do Centro Objetivo promoveu uma mesa redonda com os pais para ajudá-los a lidar com a birra dos filhos. "Formamos um círculo e os pais foram contando suas experiências. Depois eu e outra psicóloga da escola os orientamos a lidar com esse comportamento comum na infância", conta Maria Dolores. |
Fonte:http://revistaguiainfantil.uol.com.br
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