10 de agosto de 2011

Folclore Brasileiro: "Causos" do interior

"Causos" do interior


Além dos famosos Saci-Pererê, Iara e Boitatá, outro personagem se destaca no folclore brasileiro: o caipira Pedro Malasartes

Objetivos:
Resgatar um personagem tradicional da cultura brasileira
Fazer com que as crianças percebam a astúcia do personagem e a ironia da história
Estimular a criatividade e a oralidade das crianças


Pedro Malasartes, Malazartes, ou das Malasartes é um personagem tradicional da cultura ibérica e brasileira, que representa a figura de um caipiria esperto, astuto e cínico, que sempre se dá bem nas situações mais inusitadas. No Brasil, o personagem foi representando no cinema em 1960, em As Aventuras de Pedro Malasartes, com Mazzaropi no papel principal. Resgate essa figura do nosso folclore trabalhando o conto a seguir com os alunos e, depois, pedindo que eles mesmos recontem a história.

Outros quinhentos
Adaptação de Robson A. Santos

Que Pedro Malasartes apronta das suas todo mundo sabe! O que pouca gente sabe é que Malasartes não perdoa nem padres ou coronéis. É um cabra valente que, com sua esperteza costuma dar o bote em qualquer pessoa que ele cisme ou que goste de se fazer valer pelo seu poder.
Pois bem, dito isso começo a história de como o nosso amigo conseguiu aprontar mais uma das suas!

Certa vez, Pedro Malasartes passeava por uma cidadezinha quando ficou sabendo que o padre de lá não era muito querido pelas pessoas, pois era um homem arrogante que se mantinha assim graças às manhas que o coronel Firmino lhe dava, mandando e desmandando dentro da igreja e da cidade. Quando soube disso, Malasartes já bolou um plano para desmoralizar os dois.
Começou a andar de um lado para o outro da cidade dizendo para todo mundo que estava ali para deixar quinhentos cruzeiros (pois é, essa história ainda é do tempo do cruzeiro) com o padre, lá na igreja, para que ele guardasse bem guardadinho. Dizia ainda que iria fazer uma viagem e tinha medo que lhe roubassem o dinheiro e, por isso, só confi ava no padre para guardar seu tesouro. Disse isso de norte a sul e de leste a oeste da cidade e sumiu, caiu no mundo. Por uns três meses ninguém mais ouviu falar ou viu Pedro Malasartes por ali. Devia estar aprontando das suas em outras paragens. Mas não é que, passados três meses, Malasartes voltou àquela cidade e disse a todo mundo que no domingo, bem na hora da missa, iria à igreja para resgatar os quinhentos cruzeiros que havia deixado com o padre?
E no domingo, a igreja da cidade estava lotada na hora da missa, com muitas pessoas que queriam ver como Malasartes ia conseguir recuperar o dinheiro que estava com o padre. O padre começou a missa normalmente e na hora de passar a cesta pedindo donativos, Malasartes se levantou e disse:
- Bom dia seu padre! Como tem passado?
- Muito bem, graças ao senhor Deus. - Respondeu o padre espantado.
- Vim aqui para buscar meus quinhentos cruzeiros que deixei com o senhor guardado no cofre da sacristia. O padre quase caiu de susto. Abriu a boca, espantado, e disse a Malasartes:
- Não sei do que você está falando, meu filho. Nunca te vi por aqui e muito menos os seus quinhentos cruzeiros.
- O que é isso, seu padre, todo mundo aqui sabe que eu deixei quinhentos cruzeiros com o senhor há três meses. Não faça isso comigo, um pobre que nem tem onde cair morto.
- Você está me confundindo com outra pessoa. Nunca te vi e você não me deu quinhentos cruzeiros nenhum.
O padre foi ficando vermelho, e Malasartes continuava insistindo que queria o dinheiro de volta. O povo todo começou a comentar que o padre estava escondendo o dinheiro do moço, que aquilo era errado, ainda mais vindo de um homem santo. Os mais fofoqueiros estavam se divertindo, pois não gostavam do padre devido à sua amizade com o coronel Firmino, o homem mais sovina daquelas paragens. O burburinho foi aumentando, e o padre cada vez mais perdido até que, com dó do padre, o coronel Firmino que também estava ali se levantou e disse:
- Me escutem! Parem de acusar o padre, pois este homem está enganado. Todos olharam para o coronel, para o padre e principalmente para Pedro Malsartes que, sem se fazer de rogado, virou para o coronel e perguntou:
- Não entendi o que o senhor quis dizer. Bufando de raiva pela afronta de Malasartes, o coronel
respondeu, tentando ajudar o padre:
- Você não deixou quinhentos cruzeiros com o padre, deixou foi comigo!
Pedro deu uma risada e rapidinho respondeu:
- Esses são outros quinhentos, depois não venha negar que está com o meu dinheiro também.


Vamos representar o Pedro Malasartes com um boneco de sucata?


Materiais:

6 tampas brancas de garrafa PET
20 tampas pretas de garrafa PET
Prego e alicate para furar as tampas
Recipiente de xampu vazio
Olhos móveis
Chapéu de palha pintado de branco
Bola de isopor pintada de marrom
Hidrocor preta e vermelha
Fio de náilon ou silicone
Palha de aço
Pedaço de arame


1.
Fure as tampas com o prego e alicate. Fure também as extremidades do xampu, em cima e embaixo, dos dois lados.
2. Com ajuda do arame, passe o fio de náilon pelo recipiente do xampu.
3. Passe as tampas pelo fio de náilon e dê um nó ao final.
4. Decore a roupa com hidrocor preta.
5. Cole mais duas tampinhas para fazer o pescoço e a bola de isopor sobre elas. Decore o rosto do boneco com palha de aço para fazer o cabelo e a barba. Faça a boca com caneta hidrocor, cole os olhos móveis e o chapéu.

Dica esperta!
No endereço http://migre.me/4Iojy, você encontra outros contos de Pedro Malasartes.


* Robson A. Santos é educador brincante, mestre em Educação, Arte e História da Cultura, folclorista e escritor. Contato: professorrobson @uol.com.br




Fonte: http://revistaguiainfantil.uol.com.br

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